
Alquimia
Vista sob diversos aspectos, a Alquimia pode ser interpretada de inúmeras maneiras. A hipótese de que ela seria a verdadeira precursora da Química é a mais aceita, já que os relatos comprovam que, mesmo tendo-se incerteza a respeito da realização ou não da Grande Obra, muitas substâncias foram encontradas, desenvolveram-se diversas técnicas e foram obtidos resultados muito interessantes no que diz respeito aos processos químicos. A discussão que envolve sua raiz científica ou pseudocientífica também pode ser realizada levando-se em conta pontos de vista de diversos autores. Como verdadeira precursora da Química, a característica de ciência é a mais correta. Já como obra de charlatanismo ou da ilusão dos antigos cientistas ou pseudocientífica também pode ser realizada levando-se em conta pontos de vista objetivos do homem atual podem levá-lo à autodestruição, com o uso indevido das práticas químicas.
Mistério e obscuridade cercam as origens da Alquimia. A hipótese de que ela teria surgido no Egito é a mais provável, mas há relatos de que seus princípios teriam sido utilizados pelos chineses em tempos mais remotos, o que não deixa, portanto, certeza absoluta a respeito de sua data exata de início e de transição para a química moderna. A versão mais tradicional para a origem da Alquimia é a de que tudo teria começado a se desenvolver em Alexandria, centro de convergência cultural da idade clássica que atraía estudiosos de todas as partes do mediterrâneo para sua grande biblioteca, o Templo das Musas. A difusão de três correntes é tida como a responsável pela existência da arte alquímica. Seriam elas a filosofia grega, o misticismo proveniente do Oriente e a tecnologia egípcia. A absorção de ciências ocultas dos mais variados lugares do mundo como Síria, Mesopotâmia, Pérsia, Caldéia e Egito, resultaram em um caráter místico. Mas a sabedoria espiritual não era o principal objetivo dos alquimistas. Estes queriam realizar a Grande Obra Alquímica, a Pedra Filosofal, nome que segundo a língua sagrada significava a pedra que traz o signo do Sol. Com o passar do tempo, o caráter místico da alquimia foi desaparecendo, e no final do século XI, na época da Inquisição, muitos dos alquimistas que trabalhavam para a nobreza européia tornaram-se médicos e astrólogos.
Há quem diga que os alquimistas conseguiram realizar seus maiores sonhos, que seriam a Pedra Filosofal e o Elixir da Longa Vida, possibilitando, assim, o surgimento dos laboratórios, de novos elementos químicos, de grandes sucessos na metalurgia, na produção de papiros e, certamente, iniciando uma nova ciência que mais tarde viria a ser denominada Química.
A iatroquímica
A iatroquímica pode ser reconhecida como um conjunto de idéias que explicavam o funcionamento do corpo humano e as doenças segundo processos químicos. Neste contexto, a principal inovação desta escola foi a introdução de compostos químicos no tratamento de doenças, em contraposição à idéia dos galenistas de que apenas forças ocultas, aliadas às ervas medicinais, surtiriam efeito na cura dos males do corpo.
Surgida sob os punhos de Paracelsus e organizada sob a mente de Van Helmont, a iatroquímica reinou absoluta durante o século VII, até a introdução das idéias iatromecânicas de caráter oposto à iatroquímica. A escola iatromecânica explicava as doenças e o funcionamento do corpo humano segundo processos puramente mecânicos e representou, de certa forma, uma complementação das idéias iatroquímicas.
As idéias da iatroquímica eram carregadas de um cunho sobrenatural e influenciadas pelos galenistas. O próprio Van Helmont achava que os fenômenos vitais eram determinados por uma força misteriosa chamada “arqueus” situada na região estomacal.
A grande causa do surgimento da iatroquímica foi o desenvolvimento da alquimia. Segundo esta, era possível a transformação de quaisquer metais em ouro, ou seja, “a transmutação pela pedra filosofal”. Procurar o processo que permitiria tal proeza fez com que muitos alquimistas realizassem experiências sem critérios científicos bem estabelecidos, sem um método, o que gerou uma grande quantidade de resultados que não atingiram o objetivo da transmutação. Com tantos experimentos, muitas novas substâncias químicas foram descobertas, o que incentivou seu uso no tratamento de doenças, exatamente o que era pregado pela iatroquímica.
Obviamente, surgiram resistências a este tipo de abordagem. A Faculdade de Medicina de Paris, ainda galenista, não adotava as idéias iatroquímicas enquanto que a Faculdade de Montpellier as adotava. O tiro de misericórdia às idéias galenistas foi dado quando o rei da França declarou ter sido curado de uma enfermidade após ter ingerido vinho com antimônio e proclamou a excelência deste último como medicamento.
A maioria dos iatroquímicos era formada por médicos que foram severamente criticados por suas idéias. Dizia-se que eram mais especuladores, mais cientistas de gabinete do que homens ligados à realidade das doenças e da morte. Apesar das críticas e do cunho sobrenatural que ainda permeavam a iatroquímica, não se pode negar que esta estendeu os limites dos tratamentos de doenças, muitos foram modificados e outros surgiram, fornecendo condições para o desenvolvimento da farmacologia.
Durante todo o processo de desenvolvimento da Alquimia, alguns nomes destacaram-se da grande massa de alquimistas, por realizarem importantes evoluções na arte alquímica. Como: Nicolas Flamel, Nostradamus, Paracelso, Isaac Newton, Roger Bacon.