domingo, 22 de novembro de 2009

Descartes: o conceito de quantidade de movimento e polêmica com Leibniz.





René Descartes (1596-1650) enunciou o conceito de quantidade de movimento, a qual ele chamava de força do movimento. A quantidade de movimento, que Descartes chamava de força do movimento, seria, por conseqüência, conservada na totalidade do Universo:

“Deus, em sua onipotência, criou a matéria ao mesmo tempo que o movimento e o repouso de suas partes, e graças à sua cotidiana influência, Ele mantém tanta quantidade de movimento no Universo hoje quanto Ele colocou quando o criou.''


Sua definição de quantidade de movimento, muito próxima da atual não inclui a direção do movimento.
Quando Descartes afirmou, em sua primeira lei sobre o movimento, que a quantidade de movimento total do Universo permaneceria constante, ele provavelmente não imaginava que esta, seria, séculos mais tarde, um dos princípios mais importantes da física, como já dissemos. Mas hoje sabemos que esta verdade se aplica em qualquer sistema, conjunto de corpos, e não somente no Universo, como limitou Descartes.
Sua definição de quantidade de movimento, muito próxima da atual, seria equivalente a
Q = m.v
ou seja, não inclui a direção do movimento.


Veja também o enunciado da sua Terceira Lei da Natureza:
``Terceira lei da natureza: que um corpo, entrando em contato com um outro mais pesado, não perde nada de seu movimento, mas entrando em contato com um mais leve, perde tanto quanto o transfere ao corpo mais leve.''


Como se pode notar, a segunda parte desta lei está fisicamente incorreta, devido à definição cartesiana de momentum. A inversão de velocidade do corpo menor é uma variação da quantidade de movimento, embora o produto massa x velocidade permaneça constante.
Descartes escolheu o produto da massa e da velocidade de um objeto em movimento. Ele chamou isso de “momentum”.
De acordo com Descartes, se dois objetos (com massa m1 e m2 e velocidades v1 e v2) colidem, a quantidade m1 v1 +m2 v2 é a mesma antes e depois da colisão, mesmo que as velocidades individuais dos objetos tenha sido alterada.é a mesma antes e depois da colisão, mesmo que as velocidades individuais dos objetos tenha sido alterada. A controvérsia sobre isso persistiu por três décadas .
Em 1686 o grande matemático e filósofo alemão Gottfired Wilhelm von Leibniz (1646 1716), insistiu que a lei de conservação de Descartes m1 v1 +m2 v2 =constante estava incorreta e afirmou que a lei de conservação que estava correta era a da “vis viva”(força viva), o nome usado para a quantidade mv2.
Atualmente sabemos que ambos , Descartes (1644) e Leibniz (1686) estavam parcialmente certos e parcialmente errados, enquanto Huygens estava mais próximo da verdade. A quantidade “mv”é agora chamada de momentum e a relação m1 v1 +m2 v2 =constante é correta somente se o sentido do movimento se mantiver. A grandeza “vis viva”, nós agora expressamos por ½ mv² e chamamos de energia cinética de um objeto em movimento, e sabemos que esta “vis viva” é conservada numa colisão elástica.

A lei de conservação da quantidade de movimento mostra que quando um sistema é nulo, ou seja, isento de forças externas, a quantidade de movimento total do sistema permanece sempre a mesma.

Filosoficamente, Leibniz criou um sistema de pensamento próprio, de certa forma, contrário ao de Descartes, pois acreditava que, para a concepção do Universo, não bastavam apenas a extensão e o movimento da matéria, mas era necessário também introduzir algumas idéias metafísicas, como o esforço, a vontade e a alma.
A procura por regularidades, por algo que se conserva, por perfeições da natureza, é motivo que sempre despertou o interesse do homem, pois, ao reconhecer a natureza como obra divina, num período onde religião e ciência eram coisas indissociáveis, não havia nada mais lógico do que a busca da perfeição nos movimentos, nas trajetórias, nas quantidades constantes das grandezas, dentre outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário